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Não enterre seu talento





Houve uma época, na minha adolescência, que a rebeldia falou mais alto. Eu, que cantava com minha irmã Nádia, decidi que não cantaria mais e que só iria à igreja para acompanhar meus pais (missionários), mas não seria mais cristã.


Os dias foram se passando e a cada dia eu me afastava mais de Deus. Às vezes ouvia minha irmã cantando sozinha e sentia o coração despedaçado, mas não queria dar o braço a torcer. Fiquei meses sem cantar até que comecei a reparar que uma simples dor de garganta estava se transformando em algo mais sério.


No primeiro mês aguentei firme; fui ao médico, tomei remédios, mas a dor permanecia lá, insuportável. Passaram-se mais alguns meses e não importava que já fosse verão, a garganta doía muito, continuava inflamada e eu percebia que estava perdendo a voz gradualmente. Algumas vezes não conseguia sequer abrir a boca porque a dor me impedia de falar então Nádia me interpretava através dos gestos. Eu sabia que era um dedinho de Deus cobrando o dom que me dera. E nessa luta contra a infecção e a dor, haviam se passado seis meses.


Estávamos na férias de julho e fazia muito frio aqui na Serra Gaúcha. Depois de muito implorarmos, meus pais deixaram que fôssemos passar as férias na casa de uma tia, na cidade vizinha.


Eu continuava mal, já nem conseguia comer nada, mas não queria demonstrar. E também não queria falar com Deus. Sabia que só Ele podia me curar, mas tinha vergonha de pedir a cura depois de tê-lo negado por vários meses.


Naquela noite, porém, foi mais difícil do que tudo o que já havia passado. Não queria acordar minha tia, acabou sobrando para minha irmã que cuidou de mim a noite toda. Eu já havia tomado todos os tipos de remédio, mas nada adiantou. Passei a noite em claro tendo que segurar uma toalha rente à boca porque não conseguia engolir nem mesmo a saliva. Teimosa, chorei a noite toda sem coragem de pedir nada a Deus.


Na manhã seguinte decidi procurar um médico. Ninguém quis me acompanhar, mas certamente tudo já estava nos planos de Deus.


Cheguei ao posto de saúde sozinha, sentindo-me péssima. Ainda era muito cedo, mas quando cheguei lá, quase desmaiando, a recepcionista informou que não havia mais fichas e que a médica não atenderia mais ninguém naquele dia. Ainda tentei insistir dizendo que era do interior, mesmo assim não funcionou.


Eu sentia a febre me queimar e não tinha forças para caminhar. Voltei me arrastando para a casa da tia. E, então, finalmente deixei que as lágrimas rolassem; estava ali doente, no meio da rua, sem pai nem mãe por perto para me amparar. Era só eu e Deus. Entre soluços desesperados pedi a Deus que se compadecesse de mim, que perdoasse minha rebeldia. E prometi que, se Ele me curasse, eu voltaria a cantar na igreja para engrandecer Seu nome.


Quando entrei pela porta da casa da tia, estava tonta e pálida. Chanaíne, minha irmã mais velha, abriu a janela para que eu pudesse pegar um pouco de ar e imediatamente corri para aquela janela a tempo de vomitar toda a inflamação que estava dentro de mim. Em cada amígdala havia se acumulado uma inflamação terrível e elas estouraram subitamente, como se naquele momento eu estivesse sendo operada.


O que saiu de mim foi horrível, imundo, fiquei durante um bom tempo em estado deplorável enquanto minhas irmãs olhavam espantadas para a cena diante delas. Mas quando aquele momento passou senti que o milagre era completo. Deus me havia curado, não havia mais dor alguma.


Então pedi perdão a Deus e prometi que jamais deixaria de cantar para Ele. Não importava que minha voz não fosse das melhores. Eu nunca mais voltaria a enterrar o talento que Deus me deu, pois, certamente meu louvor o agradava. Eu nunca mais deixei de cantar... E NUNCA voltei a ter dor ou inflamação nas amígdalas. Meu conselho pra você que leu esse testemunho até o fim é: Não enterre seu talento. Se Deus te deu, certamente há um propósito por trás disso. Fiquem na paz!


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