Crônica: Quando acontece o inesperado
... é como uma corda suspensa no ar. De um lado há alguém que te segura a mão, você dá o primeiro passo e tudo parece fácil. Então acha que pode seguir sozinha e diz “pode soltar, eu consigo”. Daí seus dedos largam da mão que te segurava, e tão depressa seus pés caminham, os joelhos tremem, logo você se desequilibra. O chão está ali perto, você cai.
Hoje estava pensando sobre confiança. Mas não sobre contar um super segredo para sua amiga e ela guardar debaixo de sete chaves; é outro tipo que estou falando. Para ficar mais didático, vou te contar uma história que aconteceu com um primo de uma amiga minha. Brincadeira, a verdade é que ela aconteceu comigo.
Um dia eu estava andando sobre a corda, me sentia segura apertando bem firme as mãos do meu Pai. Apesar de não saber exatamente em qual direção seguíamos — afinal, com os graus de miopia nos dois olhos não enxergo tão longe —, eu caminhava confiante de que o Pai sabia me conduzir.
Foi quando meu coração sentiu-se tocado por alguém e em seguida se magoou. Quando dei por mim, meus joelhos estavam tremendo, a corda trepidava e a minha queda era iminente. Eu havia soltado a mão do meu Pai!
Naquela noite, quando meu coração estava triste e machucado, eu quis soltar de Sua mão por achar que não soube me conduzir direito. Ouvindo meu coração magoado, eu acreditei que pudesse seguir sozinha, confiei em mim mesma, e pensei ressentida “se o Pai me conduzia como isso pôde ter acontecido?”.
Isso tem muito a ver com minha mania de achar que tudo deve ocorrer do meu jeito. Soltar a mão do meu Pai enquanto o caminho sobre a corda parecia confuso, e minhas emoções estavam uma completa bagunça, me fez levar um grande tombo. No chão, eu vi que talvez o que eu julgava ser o melhor para mim, podia não ser o melhor do Pai naquele momento. Fez-me perceber que, enquanto eu via alguns metros à frente, Ele enxergava o todo com muita clareza — o que era suficiente para confiar Nele, mais do que em mim mesma.
Apesar de não entender o porquê de algumas coisas acontecerem em minha vida, o fim sempre será melhor do que o início (Eclesiastes 7:8). Ficar chateada com o Pai foi tolice.
Arrependida de ter soltado Sua mão, pedi colo. O Pai, com muito carinho, pôs seus braços ao meu redor, beijou minha testa e me colocou novamente sobre a corda.
Hoje ando, pé ante pé, segurando firme a mão do Pai. Confio que, mesmo quando eu me machucar, ou quando minha visão ficar embaçada ao longo do caminho, minha confiança está Naquele que dirige os meus passos e me leva a um lugar onde encontro esperança: perto do Seu coração.
Dica de música: Confiar, da Rachel Novaes